ONESHEET1052-2O primeiro contato visual que tive com O Substituto foi num flash, quando Peter O’toole ganhou seu Oscar honorário em 2003. Dali era uma questão de buscar o tal filme. Pouco tempo depois ganhei uma listagem completa de filmes indicados ao Oscar desde 1939 – completinho, só que até 1981. Nessa listagem, O Substituto nunca pôde ser riscado, pois nunca era encontrado.

Durante muitos anos eu procurava nas listagens de lançamentos em VHS, em vão, algum tipo de registro desse filme. Era difícil. Encontrar uma cópia, então, não fazia parte do horizonte de expectativa. Chegou um momento em que me conscientizei que não seria possível assisti-lo nessa encarnação.

Na TV aberta (Bandeirantes), em 06 de setembro de 1999, ele foi apresentado. Depois disso, e existe um registro de que, em 2003, o Telecine Emotion passou ele na faixa das 17 horas no dia 22 de fevereiro. De lá pra cá, nada mais.

Sinopse: Cameron, um fugitivo da polícia, acidentalmente causa a morte de um dublê durante as filmagens. Eli Cross, o diretor do filme, sabendo que ele precisa se esconder diz a polícia que ele é quem pensavam que tivesse morrido. Em troca exige que ele atue como dublê em cenas cada vez mais arriscadas, fazendo Cameron pensar na possibilidade de morrer durante as filmagens fazendo algo totalmente impossível.

O diretor Richard Rush tem uma carreira mais significativa como professor de cinema na UCLA do que, efetivamente, na direção de longa-metragens. Possui uma filmografia rala, Getting Straight (1970), Duas Ovelhas Negras (1974), O Substituto (1980) e A Cor da Noite (1994) – fora alguns filmes C durante a década de 1960.

Significativo mesmo só esse do início da década de 1980 – inclusive essa película rendeu um documentário chamado “A sinistra saga de The Stunt Man”, lançado em 2000. Além claro, de três indicações ao Oscar: direção (Rush), ator (O’Toole) e roteiro (Rush e Lawrence B. Marcus)

A história é uma homenagem ao cinema, ao ato de dirigir filmes, da maneira mais cínica possível. O diretor interpretado por O’Toole primeiro que não se considera um “diretor”, mas sim uma espécie de Deus/Diabo, capaz de movimentar o mundo da produção cinematográfica ao seu bem entender – ou aos seus caprichos, seria a melhor forma de dizer.

“Se Deus pudesse fazer todos os truques que nós podemos, ele seria um homem feliz”

Quando está no helicóptero da produção essa metáfora fica ainda mais clara, pois ele sobrevoa todo o set, ou então faz uso da grua para dar a sensação de ser um ser onipresente, onisciente e onipotente.

Atenção no cartaz lançado na época, a figura híbrida de um anjo e um demônio com uma câmera. Diz muito sobre o comportamento do diretor Eli Cross ao longo das filmagens, pois, ao mesmo tempo em que é admirável sua entrega para com a arte que produz, também é moralmente questionável o que faz com os colegas de trabalho, levando-os ao limite da sanidade por uma cena, por exemplo.

O elenco tem, além de O’ Toole, a conhecida Barbara Hershey como referência, pois o resto dos atores é completamente desconhecido ou não conseguiu ter uma carreira de destaque. O protagonista, o tal do Stunt Man, Steve Railsback foi nominado como “ator revelação” daquele ano no Globo de Ouro, mas não precisa mais de dois minutos de filme para perceber que dali nada sairia. Canastrice pura.

Peter O’toole vivia uma boa fase no início dos anos 1980, engatou três filmes que o trouxeram de volta ao cinema depois de uma fase difícil com a dependência do álcool. Sir virou um bêbado de marca maior nas terras de sua rainha.

O Substituto, Um Cara Muito Baratinado e O Último Imperador renderam duas indicações ao Oscar e mais de nove indicações das associações de críticos. Especificamente por O Substituto foi nominado ao Oscar, Globo de Ouro e levou o National Society of Film Critics de 1980.

Claro, não custa nada lembrar que nesse mesmo ano ele concorria com Robert De Niro e o insuperável Touro Indomável. Daí era sacanagem…

Uma resposta para “O substituto (The stunt man, 1980)”.

  1. Avatar de The sinister saga of making of the stunt man (Eua, 2000) – Estante VHS

    […] A curiosidade sobre O Substituto foi algo que moveu parte da minha vida dentro da videolocadora. Era impossível encontrar esse filme. Foi muita caminhada em locadoras de bairro, tentativas em catálogos, depois internet e a barreira da falta de legenda por um tempo impediram assistir o filme. Até que aconteceu. Mas eu já falei sobre isso aqui. […]

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